FERNANDO WHITAKER DA CUNHA
( LUIZ FERNANDO WHITAKER TAVARES DA CUNHA )
Nasceu na cidade de São Paulo, a 27 de abril de 1930.
Poeta, professor titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Desembargador do Tribunal de Justiça, tem colaborado em publicações nacionais e estrangeiras.
Já participou de vários congressos internacionais e pertence a inúmeras sociedades culturais do Brasil e do exterior.
É membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas.
Sua obra em prosa, que mereceu três importantes premiações, abrange o Direito, a Política, a Literatura, a Sociologia e a Filosofia.
Publicou os livros de poesias: Cinzas da Vida, O fauno de Vidro, A Estátua de Sono, A Palavra Perdida, O Descobrimento do Horizonte, A Flor e o Antídoto e A Tarde Cúbica.
A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...[
et al.: apresentação por Fernando Pinto. Rio de Janeiro: Record, 1985. 224 p. Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília
SINTAGMA
Soturna é a beleza,
Que volve à raiz,
E em cal e incesto,
Escama e alga,
Planta-se em lodo e síntese.
O caule é pássaro e molusco,
Que gera a fonte e o vértice
E descarta a palavra inútil.
Em noites surdas,
Nem mito, nem pedra,
Apenas homem.
A CEIA
O leito flutua noite-alfa,
A pétala fria
E asa do falcão semântico,
Régua, esquadro e silêncio.
Ramos de ágata devolvem
A flor-escama,
A seu mar sem portos,
Corpo do deus primeiro.
No recantar,
A extinta efígie,
Ilhada angústia,
No solstício-tempo.
O SÊMEN
A essência na essência
Desvela horizontes percorridos,
Cálices vazios, a Casa,
O itinerário inconcluso.
(A implosão e o silêncio.)
O som oxidado
É o ressaibo de luas ocultas,
Da nudez profunda,
E do ósculo intérmino
Depositado sobre a pedra.
TAURUS
Chifres de cristal
Desfraldam a angústia,
Sobre dorso ocre, e
Escavam a raiz — sonho
Em solo e nuvem.
Leva, em prados — ultra,
A flor — sexo,
Na boca insone.
E rumina o tédio,
Em seus dentes — alfa.
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